Ad Home

Últimas

Entrevista com presidente da torcida gay do Bayern: 'Sejam corajosos'

O blog Almanaque Esportivo, do competentíssimo amigo Alexandre Perin, fez uma entrevista exclusiva com Mario Weiße, presidente da QueerPass, torcida gay do Bayern de Munique na Alemanha. Ficou muito legal! Dá uma conferida no bate-papo na íntegra.

Por Alexandre Perin

Nada mais adequado nessa semana que discutirmos a tolerância e lutar contra a discriminação. Em dezembro, descobrir através de cenas de um jogo do Bayern de Munique que havia uma torcida gay do time alemão. Torcedores usaram uma imagem “Love has no Gender“, em tradução literal “o amor não tem gênero” nas arquibancadas em um banner.

O presidente da QueerPass, Mario Weiße, gentilmente me respondeu. Lembrando que o Almanaque Esportivo já falou sobre esse assunto: “Diga não ao racismo. E a homofobia“, ainda em março do ano passado

Vejam a entrevista a seguir:

ALMANAQUE ESPORTIVO: Quando este fã-clube começou? Como os membros se conheceram?
QUEER PASS BAYERN: Queer Pass Bavaria existe desde maio de 2006 (ano da Copa do Mundo na Alemanha), registrada oficialmente como fã-clube do Bayern de Munique. No ano anterior, nós começamos na rede social “Gayromeo” uma comunidade chamada “FC Bayern fans”. No ano seguinte, veio o desejo de continuar isso na vida real.

Foi a primeira iniciativa de um fã-clube do Bayern? E na Alemanha?
Sim, foi o primeiro grupo do Bayern de Munique. Na Alemanha, o primeiro fã-clube gay/lésbico é o “Hertha Junxx”, do Hertha Berlim.

No início, como foi a recepção dos demais torcedores?
No início, a reação foi um pouco cética, nós não nos enquadrávamos nos estereótipos na cabeça das pessoas (sem salto alto, sem estolas, roupas de couro, vestidos vermelho e branco). Nem mesmo uma bandeira do arco-íris. Estamos sempre com material do clube (camisas, bonés), outros com a camisa oficial do Bayern. Muitas vezes nos perguntavam: “Porque vocês usam QUEER PASS” com dois “E” (o normal é escrever Querpass, como se fosse “cross pass”). Então explicávamos a importância do termo “queer”. Conversávamos com eles, e os demais torcedores reduziam seu desconhecimento, modificavam suas idéias.


Quantos torcedores por jogos? Vocês viajam dentro e fora da Alemanha?
Nos jogos em casa, somos doze torcedores. Em jogos fora, no máximo cinco, pois é muito muito muito difícil obter ingressos, já que TODOS os jogos do Bayern tem capacidade esgotada.

Como os torcedores visitantes recebem vocês em jogos fora da Allianz Arena?
Nos enxergam como nós somos, torcedores do Bayern de Munique, alguns gostam e outros nos odeiam. Não importa muito nosso “tipo de torcida”. Porém como existe atualmente um fã-clube gay em praticamente todos os times da Bundesliga, muito se evoluiu e se conquistou na discussão da discriminação e da homofobia. (Nota do Editor, encontrei 27 fãs-clubes gays na Alemanha e outros cinco na Europa, e temos outros tantos em organização no Brasil).

Finalizando, deixem um recado para os fãs do futebol brasileiro sobre sua luta por um mundo sem discriminação
Sejam corajosos, conversem uns com os outros, coloquem os preconceitos a prova. E lembrem-se: Não importa quem chuta a bola!

Nenhum comentário