Estreia documentário da DW sobre Bayern de Munique: O fenômeno "Mia san mia"
Texto original da Deutche Welle
Com o Bayern de Munique não há meio termo: alguns o idolatram, outros o odeiam. Filme produzido pela Deutche Welle (DW, na sigla) explora fenômeno em entrevistas com grandes personagens, como Uli Hoeness, Oliver Kahn e Philipp Lahm.
Atrás dele, do outro lado de um grande painel de vidro, treinam estrelas mundiais com um valor de mercado de 580 milhões de euros. Somente neste verão europeu, transferências como as de James Rodriguez, Corentin Tolisso e Kingsley Coman adicionaram mais 120 milhões de euros em valor de mercado ao plantel.
Com o Bayern de Munique não há meio termo: alguns o idolatram, outros o odeiam. Filme produzido pela Deutche Welle (DW, na sigla) explora fenômeno em entrevistas com grandes personagens, como Uli Hoeness, Oliver Kahn e Philipp Lahm.
Em 1979, quando Uli Hoeness foi obrigado a pendurar as chuteiras por causa de uma lesão e, aos 27 anos, tornou-se o mais jovem dirigente da história da Bundesliga, ele tinha um objetivo claro: "Eu sempre acreditei que era possível conduzir o Bayern de Munique de um pequeno clube para uma marca mundial", afirma Hoeness, numa entrevista concedida no novo estúdio de televisão do clube.
Atrás dele, do outro lado de um grande painel de vidro, treinam estrelas mundiais com um valor de mercado de 580 milhões de euros. Somente neste verão europeu, transferências como as de James Rodriguez, Corentin Tolisso e Kingsley Coman adicionaram mais 120 milhões de euros em valor de mercado ao plantel.
A Bundesliga não basta
Há muito tempo que Bayern de Munique significa supremacia de títulos na Alemanha, bem ao estilo do lema Mia san mia (nós somos nós). A expressão – popular em toda a Baviera – tem origens nas Forças Armadas austríacas e sinaliza superioridade e autoconfiança. E funciona, afirma o ex-goleiro Oliver Kahn. "Isso significa também carregar sobre os ombros a inveja e o ciúme de metade da nação."
Com 27 títulos na Bundesliga e 18 Copas da Alemanha, há muito que a Alemanha é pequena demais para o Bayern: "Eu daria todos os outros títulos por uma Liga dos Campeões com o Bayern", disse o então treinador do clube, Carlo Ancelotti, no início deste ano.
Camila, de 24 anos, moradora de um subúrbio no Rio de Janeiro, também compartilha dessa paixão. Ela se lembra muito bem de quando se tornou torcedora do Bayern de Munique. "Quando eu vi Oliver Kahn pela primeira vez, há dez anos, me perdi!" E ela prossegue com entusiasmo: "Oliver Kahn é o homem da minha vida, o maior do mundo, não há homem mais maravilhoso do que ele". Seu maior sonho, claro, é conhecer o goleiro que se tornou um dos grandes ídolos do Bayern.
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As horas mais difíceis de Kuffour
Além do sucesso mundial da marca, Uli Hoeness valoriza a coesão do clube. "Há muito que não somos mais só um time de futebol, mas, para muitas pessoas, algo como um lar, um substituto para a família." E se há uma pessoa cuja história de vida confirma isso, esta é Samuel Osei Kuffour. Em sua mansão em Acra, capital de Gana, o ex-zagueiro do Bayern relata sua trágica história, em 2003: "Um dos momentos mais difíceis da minha vida foi quando perdi minha filha".
A menina, na época com 15 meses, morreu num acidente em Gana. Logo em seguida, Hoeness e Karl-Heinz Rummenigge foram à casa de Kuffour, nos arredores de Munique, para consolá-lo. "Dentro de duas horas, eles organizaram um jatinho para que eu pudesse voar para Gana", lembra-se Kuffour. "E o avião fretado ficou em Acra até eu conseguir resolver tudo. Isso mostra que essas pessoas estão lá quando você precisa."
Uma história de sucesso internacional
A pedra fundamental do sucesso internacional do Bayern foi lançada por Franz "Bulle" Roth, há 50 anos, com o único e decisivo gol marcado durante a prorrogação na final da então Recopa Europeia, contra o Glasgow Rangers.
Na época, ele jogou, entre outros, com o "kaiser" Franz Beckenbauer, o lendário goleiro Sepp Maier e o não menos lendário atacante Gerd Müller, um dos maiores jogadores alemães de todos os tempos. Em sua loja de artigos esportivos na pitoresca Bad Wörishofen, na Baviera, Roth, hoje com 71 anos, lembra-se da conquista. Ele conta que colocou o troféu do lado da cama e o ficou admirando. "A noite inteira", garante.
Desde essa primeira conquista, a "Estrela do Sul" ganhou outros 60 títulos nacionais e internacionais, incluindo cinco títulos da Copa dos Campeões. Isso faz do Bayern de Munique um dos clubes esportivos mais bem-sucedidos do mundo – e também um dos maiores: cerca de 300 mil sócios fazem parte da família.
Para comparação, o Real Madrid conta com cerca de 100 mil, e o Barcelona e Manchester United têm cerca de 150 mil sócios. "Começamos com 20 funcionários e 12 milhões de marcos de receita", diz Hoeness. "E, agora, temos 630 milhões de euros de receita e quase mil funcionários."
O fenômeno "Mia san mia"?
Para ilustrar a história do fenômeno Bayern de Munique, os jornalistas Niels Eixler e Manuel Vering, da DW, viajaram 50 mil quilômetros pelo mundo. Na bagagem, além das câmeras, eles levaram perguntas controversas: por que o clube é tão fascinante? Seria o famoso "Mia san mia" um verdadeiro grito de guerra ou apenas um slogan publicitário? Por que o clube tem torcedores tanto no Brasil como em Londres, Nova York, Gana ou Tel Aviv? Quais são seus pontos fracos?
O documentário O fenômeno "Mia san mia", de 85 minutos, estreia nesta terça-feira (10/10) no cinema Kino Babylon, em Berlim. Ele mostra de muito perto os jogadores e os dirigentes do Bayern de Munique, mas também os torcedores em todo o mundo – e como eles ajudaram a concretizar o antigo objetivo de Ulli Hoeness de transformar um pequeno clube numa marca mundial.
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