Tradicional símbolo de caveira do St. Pauli entra na mira da polícia britânica e clube fica perplexo
O St. Pauli, tradicional clube alemão da cidade de Hamburgo e que atualmente disputa a 2ª divisão da Bundesliga, manifestou sua total perplexidade após a CTP (Policiamento Contra o Terrorismo, que agrega a polícia e as agências de inteligência do Reino Unido) incluir o símbolo de caveira da equipe na lista de imagens associadas a grupos extremistas.
Segundo a Deutsche Welle, o CTP divulgou uma lista de símbolos, emblemas e distintivos de diversos grupos de extremistas de direita, neonazistas, nacionalistas e jihadistas, que também inclui organizações antifascistas, anarquistas e da esquerda radical.
Nesta última categoria aparece a bandeira que caracteriza o St. Pauli, uma caveira com ossos cruzados em cima de um fundo preto. O apelido do clube na Alemanha é "Piratas".
O St. Pauli é bastante conhecido pelo ativismo de seus torcedores contra racismo, neonazismo e outras formas de preconceito. Até por isso admitiu que foi pego de surpresa com a inclusão de seu distintivo nessa relação.
"Não consideramos esses grupos como extremistas, não vemos como uma ameaça à segurança nacional", disse Dean Haydon, assessor do CTP.
O objetivo dessa lista é aumentar a conscientização das forças de segurança britânicas sobre estes símbolos. "Fornecemos esse documento para os serviços de segurança e outros com o intuito de ajudar nossos colegas a tomarem decisões bem fundamentadas", afirmou Haydon.
"É necessário que nossa polícia antiterrorismo, forças de segurança e parceiros saibam a quais organizações as pessoas pertencem e quais são seus objetivos e atividades, sejam estas legais ou de outro tipo", explicou.
O representante da autoridade britânica deixou claro que muitos dos grupos que estão na lista - incluindo o clube alemão - não são suspeitos de cometerem atos ilegais. "Presumir o contrário seria contraprodutivo e enganoso", avaliou.
Um porta-voz do St. Pauli disse à Deutsche Welle que os dirigentes do clube exigiram explicações das autoridades britânicas, mas não obtiveram resposta. A inclusão do time nessa lista foi algo completamente inesperado.
James Lawrence, atleta galês que defende os Piratas, expressou publicamente sua admiração pelo clube. "Tenho orgulho do meu time e dos valores que defende. Antifascista, antirracista, antissexista e anti-homofóbico. Como não gostar?", escreveu o jogador em postagem no Twitter.
A torcida Manchester St. Pauli também demonstrou solidariedade com a equipe. "O fato de que um time da segunda divisão da Alemanha possa ter tanto impacto e ser reconhecido pelas forças de segurança britânicas é algo que deve ser motivo de orgulho", afirmou um representante do grupo à DW.
Histórico de ativismo
O St. Pauli é o clube alemão que melhor representa o dilema entre engajamento social e futebol competitivo. No livro "À sombra de gigantes", do jornalista Leandro Vignoli, é mostrado que, enquanto a torcida do arquirrival Hamburgo era infiltrada por hooligans neonazistas na década de 80, muitos torcedores do St. Pauli se engajavam na luta dos sem teto contra as arbitrariedades da polícia.
Além disso, manifestações racistas e sexistas foram banidas do seu lendário estádio Millerntor.
Deste modo, o St. Pauli se tornou o primeiro clube na Alemanha a eliminar gritos de guerra, cânticos, faixas e banners que tenham viés preconceituoso. Vale destacar que essa proibição está registrada oficialmente no estatuto do clube.
A caveira no símbolo
A caveira, emblema tradicional e secular da pirataria, é usada pela torcida como símbolo do "pobre contra o rico", retratando as dificuldades financeiras que o St. Pauli sempre atravessou ao longo da sua história, em contraste com os clubes mais ricos do país, como Bayern de Munique, Borussia Dortmund e o próprio Hamburgo.
A torcida do St. Pauli é marcada pela cena punk dos anos 80, com sua militância contra homofobia, racismo, capitalismo selvagem e neonazismo. As faixas que os torcedores levam aos jogos são repletas de alusões ao ativismo. Muitas delas trazem frases de apoio e acolhimento aos refugiados na Alemanha.
Segundo a Deutsche Welle, o CTP divulgou uma lista de símbolos, emblemas e distintivos de diversos grupos de extremistas de direita, neonazistas, nacionalistas e jihadistas, que também inclui organizações antifascistas, anarquistas e da esquerda radical.
Nesta última categoria aparece a bandeira que caracteriza o St. Pauli, uma caveira com ossos cruzados em cima de um fundo preto. O apelido do clube na Alemanha é "Piratas".
O St. Pauli é bastante conhecido pelo ativismo de seus torcedores contra racismo, neonazismo e outras formas de preconceito. Até por isso admitiu que foi pego de surpresa com a inclusão de seu distintivo nessa relação.
"Não consideramos esses grupos como extremistas, não vemos como uma ameaça à segurança nacional", disse Dean Haydon, assessor do CTP.
O objetivo dessa lista é aumentar a conscientização das forças de segurança britânicas sobre estes símbolos. "Fornecemos esse documento para os serviços de segurança e outros com o intuito de ajudar nossos colegas a tomarem decisões bem fundamentadas", afirmou Haydon.
"É necessário que nossa polícia antiterrorismo, forças de segurança e parceiros saibam a quais organizações as pessoas pertencem e quais são seus objetivos e atividades, sejam estas legais ou de outro tipo", explicou.
O representante da autoridade britânica deixou claro que muitos dos grupos que estão na lista - incluindo o clube alemão - não são suspeitos de cometerem atos ilegais. "Presumir o contrário seria contraprodutivo e enganoso", avaliou.
Um porta-voz do St. Pauli disse à Deutsche Welle que os dirigentes do clube exigiram explicações das autoridades britânicas, mas não obtiveram resposta. A inclusão do time nessa lista foi algo completamente inesperado.
James Lawrence, atleta galês que defende os Piratas, expressou publicamente sua admiração pelo clube. "Tenho orgulho do meu time e dos valores que defende. Antifascista, antirracista, antissexista e anti-homofóbico. Como não gostar?", escreveu o jogador em postagem no Twitter.
Well played, James #Lawrence! 💪🏼— FC St. Pauli (@fcstpauli) January 18, 2020
Dem ist nichts hinzuzufügen, außer vielleicht ganz viel Liebe für James. 🤎🤍❤️#fcsp | #noussommessanktpauli pic.twitter.com/x7V3gv26gG
A torcida Manchester St. Pauli também demonstrou solidariedade com a equipe. "O fato de que um time da segunda divisão da Alemanha possa ter tanto impacto e ser reconhecido pelas forças de segurança britânicas é algo que deve ser motivo de orgulho", afirmou um representante do grupo à DW.
Histórico de ativismo
O St. Pauli é o clube alemão que melhor representa o dilema entre engajamento social e futebol competitivo. No livro "À sombra de gigantes", do jornalista Leandro Vignoli, é mostrado que, enquanto a torcida do arquirrival Hamburgo era infiltrada por hooligans neonazistas na década de 80, muitos torcedores do St. Pauli se engajavam na luta dos sem teto contra as arbitrariedades da polícia.
Além disso, manifestações racistas e sexistas foram banidas do seu lendário estádio Millerntor.
Deste modo, o St. Pauli se tornou o primeiro clube na Alemanha a eliminar gritos de guerra, cânticos, faixas e banners que tenham viés preconceituoso. Vale destacar que essa proibição está registrada oficialmente no estatuto do clube.
A caveira no símbolo
A caveira, emblema tradicional e secular da pirataria, é usada pela torcida como símbolo do "pobre contra o rico", retratando as dificuldades financeiras que o St. Pauli sempre atravessou ao longo da sua história, em contraste com os clubes mais ricos do país, como Bayern de Munique, Borussia Dortmund e o próprio Hamburgo.
A torcida do St. Pauli é marcada pela cena punk dos anos 80, com sua militância contra homofobia, racismo, capitalismo selvagem e neonazismo. As faixas que os torcedores levam aos jogos são repletas de alusões ao ativismo. Muitas delas trazem frases de apoio e acolhimento aos refugiados na Alemanha.
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