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FC Nürnberg: o outro grande bávaro falou alto em 2007

Por Alexander Rodrigues

Quando falamos em Bayern é corriqueiro o chamarmos de “O clube bávaro”, o que não é mentira, pois a equipe de Munique é a mais vencedora não só da região como também da Alemanha e da Europa.

Só que no ano de 2007 foi outra equipe da Bavária que levantou um troféu de peso no país e de forma totalmente inesperada, que marcou a primeira década do século na Alemanha.

Primeiro de tudo, precisamos deixar claro que o Fußball-Club Nürnberg está longe de ser um time pequeno da Alemanha, mesmo se levarmos em conta seus últimos anos com maus resultados.

O Nuremberg é um dos maiores campeões nacionais do período pré-Bundesliga, com nada menos do que oito troféus conquistados. Para se ter uma ideia, o Der Club ganhou metade dos campeonatos alemães dos anos 20 do século passado: em 20, 21, 24, 25 e 27.

Os anos 30 também foram vitoriosos com uma nova conquista do Campeonato, em 36 e suas primeiras Copas da Alemanha, em 35 e 39.

Na década de 40, o Der Ruhmreiche também não passou em branco, ao levantar mais uma liga nacional em 1948. Os anos 50 foram de escassez, mas o clube viria a ter dias melhores.

Os anos 60 representaram mais uma década de glórias para os bávaros, que fizeram a dobradinha na temporada 61/62, levando Liga e Copa. Nesse mesmo ano alcançaram as quartas de final da Copa dos Campeões da Europa.

No ano seguinte, semifinal da Recopa Europeia em 62/63. Em 67/68 o glorioso da Bavária ergueu a sua primeira e única Bundesliga, o que poderia indicar um novo período de glórias, porém não foi assim que a coisa ocorreu.

O Nuremberg foi o primeiro clube campeão da Bundesliga a ser rebaixado no ano seguinte. Além disso, o clube enfrentaria rebaixamentos, problemas financeiros e administrativos.

Anos 2000

Avançamos no tempo para a temporada de 2006/2007, na qual os torcedores olhavam para trás e viam que depois dos anos 60 o máximo que o clube conseguiu foi ser vice-campeão da Copa da Alemanha de 81/82, onde tombaram na final para o rival Bayern.

Os 34 anos de fila não davam muita esperança que os bávaros conseguissem algo, ainda mais ao perder a sua estrela em ascensão Stefan Kießling para o Leverkusen por 6.5 milhões de euros, que não foram totalmente reinvestidos em contratações.

O reforço mais caro a aportar em Nuremberg naquela temporada foi o zagueiro brasileiro Gláuber, vindo do Palmeiros por 500 mil euros.

Contando com brasileiro, o clube gastou 1.5 milhão de euros nas contratações do atacante croata Leon Benko, do lateral esquerdo Ralf Schmidt, do atacante bósnio Petar Jelic e do zagueiro Matthew Spiranovic da Austrália.

O Der Club também foi atrás de jogadores experientes que vieram a custo zero, como o volante tcheco Tomás Galásek, o centroavante holandês Gerald Sibon e do lateral esquerdo eslovaco Vratislav Gresko vindos de Ajax, PSV e Blackburn, respectivamente.

Essas eram as armas do treinador Hans Meyer para uma temporada que viria a entrar para a história.

No primeiro jogo da Copa da Alemanha, um 1×0 magrinho foi o suficiente para evitar uma vergonhosa eliminação frente ao BV Cloppenburg. O meia croata Ivica Banovic foi o autor do tento da vitória.

A segunda rodada trazia um time mais qualificado, mas que ainda assim era menor em história e técnica.

Porém o Padeborn fez o Nuremberg sofrer. Após um 1×1 no tempo normal, com um gol do eslovaco Marek Mintal, coube ao seu compatriota Róbert Vittek marcar na prorrogação para fazer o torcedor bávaro respirar aliviado.

Olhar para o pequenino SpVgg Unterhaching nas oitavas de final trazia a esperança de um confronto mais tranquilo, o que não foi nada assim, já que após um 0x0 em 120 minutos de futebol, a partida foi para os penaltys e, mesmo perdendo duas cobranças, os bávaros seguiram em frente graças às defesas do goleiro Daniel Klewer.

Ufa! Vaga nas quartas de final garantida e agora não havia nenhuma possibilidade de vida fácil, pois era um clube de primeira divisão no caminho dessa vez, o Hannover 96.

Como se imaginava, mais uma sofrência de 120 minutos que culminou nos tiros livres da marca penal. Só que dessa vez o Nuremberg foi clínico nas cobranças e contou com Daniel Klewer, mais uma vez, que saiu do banco de reservas para catar dois e levar o FCN às semis.

Depois de roer todas as unhas e perder alguns fios de cabelo, os torcedores chegavam ao Max-Morlock-Stadion com a certeza de que iriam sofrer frente ao Eintracht Frankfurt.

E vai entender o futebol, não é mesmo? Final de jogo: Nuremberg 4 Frankfurt 0. Uma bela sapatada inesquecível com gols de Engelhardt, Saenko, Galásek e Pagenburg e passagem mais do que carimbada para Berlim.

O Die Legende entrou em campo com alguns pesos na costas: primeiro, 34 anos sem um troféu relevante, segundo, primeira final de Copa da Alemanha em 25 anos e terceiro, o Stuttgart campeão da Bundesliga daquela temporada, que estava voando, do outro lado do campo.

O primeiro golpe veio logo aos 19 minutos com a lei do ex, protagonizada pelo o brasileiro/alemão Cacau, colocando o Stuttgart na frente. Mintal empatou tudo oito minutos depois, porém os dois sairiam da partida.

Cacau foi expulso aos 30, após dar um soco em Andreas Wolf, já Mintal deixou o campo lesionado aos 34, após uma entrada criminosa de Fernando Meira, que só levou um amarelo.

Com um homem a mais naquela altura, se esperava um desfecho tranquilo, ainda mais quando Engelhardt apareceu livre no escanteio e cabeceou para colocar os bávaros na frente nos acréscimos da primeira etapa.

Tudo ia relativamente bem até que faltando dez minutos para o final do jogo, o goleiro Raphael Schäfer derrubou Mario Goméz na área e não pegou o penalty de Pavel Pardo.

Mais uma prorrogação no caminho dos comandados de Hans Meyer e as palavras do texto a seguir vão parecer que foram tiradas de algum filme da Disney.

Faltando dois minutos para acabar o segundo tempo da prorrogação, quando muitos já davam os penaltys como certo, o meia dinamarquês Jan Kristiansen recebeu a bola no lado esquerdo do campo e veio trazendo, trazendo, até que ele engatou uma bomba que foi zunindo direto na meta do goleiro Hildebrand do Suttgart.

Os torcedores em Berlim, em Nuremberg, em Saturno explodiram de alegria. SIM, o time da Bavária contrariou todas as expectativas e se sagrou campeão da Copa da Alemanha da temporada 2006/2007 e a noite não teve fim naquele dia.

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