Opinião: Brasil é muito favorito contra o time C da Alemanha na final olímpica

Foi só a seleção alemã garantir vaga na final do futebol olímpico que todos vieram me perguntar: e aí, Alemanha mete outro 7 a 1 ou dessa vez o Brasil se vinga?

Diante disso, resolvi fazer esse texto opinativo (veja bem, opinativo) sobre o que eu acho da decisão de sábado no Maracanã, valendo o inédito ouro para germânicos e brasileiros - antes da unificação, apenas a Alemanha Oriental levou a medalha dourada em 1976, em Montreal.

Sim, o Brasil deve vencer a final. E se isso acontecer, nem de longe poderá ser considerada uma vingança daquela semifinal histórica na Copa de 2014, no Mineirão. Eu explico.

O elenco que a Alemanha trouxe para as Olimpíadas é considerado o time C. Ninguém no país, seja imprensa ou torcedores, tinha esperança. Alcançar a final já é além do esperado. Tanto que a convocação dos 18 nomes teve que ser adiada por falta de opção, por negativas de clubes, de jogadores e para que o técnico Horst Hrubesch pudesse fazer os contatos e chamar o time às pressas.

São meninos bons de bola e com papel importante em seus respectivos clubes. Estão numa final de Jogos Olímpicos. Mas não os melhores. Alguns dos melhores disputaram a Euro 2016 e não foram chamados para os Jogos do Rio de Janeiro, enquanto outros sequer foram liberados pelos seus clubes.

Só para citar alguns nomes talentosos e rodados que poderiam estar por aqui: Draxler, Sané, Jonathan Tah, Kimmich, Weigl, Emre Can, Dahoud, Karius, Öztunali, Stark, Stendera, Gerhardt, Timo Werner, Weiser, Arnold, Geis... ufa! Obviamente que nem todos não poderiam ser convocados para a competição olímpica, mas se pelo menos os caras que disputaram a Eurocopa estivessem no time, a qualidade já seria outra.

Da equipe atual, Meyer (Schalke), Brandt (Leverkusen) e Ginter (Borussia Dortmund) já são realidades, consolidados no futebol alemão. Os outros são apostas. Mas boas apostas, como nos casos de Selke (RB Leipzig), Klostermann (RB Leipzig), Toljan (Hoffenheim), Süle (Hoffenheim), e Gnabry (Arsenal). 

Sem contar os três jogadores acima de 23 anos, sem espaço na seleção principal e quebrando galho no time olímpico. Os irmãos Bender, Lars e Sven, já tiveram mais moral e frequentaram bastante a Mannschaft de Joachim Löw, mas as muitas lesões minaram a participação dos gêmeos da equipe. Já o atacante Nils Petersen, de 27 anos, nunca foi chamado para a seleção principal e acabou de subir à primeira divisão alemã com o Freiburg.

Agora imaginem se os caras "feras" fossem chamados? Manuel Neuer, Thomas Müller, Kroos, Özil, Hummels. Antes dos Jogos até cogitaram a convocação de Lahm. O time teria uma cara totalmente diferente com três nomes desse nível.

O Brasil, por sua vez, convocou o que tem de melhor no quesito sub-23 - na opinião do técnico Rogério Micale, claro -, incluindo os atletas que estiveram na Copa América nos EUA. Além, claro, de Neymar, o grande astro do país. Douglas Costa e Fernando Prass deixariam o time muito mais forte, mas foram cortados e deram lugar aos experientes Renato Augusto e Weverton.

O favoritismo é todo do Brasil, que joga em casa. Talvez até pressionado. A Alemanha está bem enfraquecida, é um time alternativo. Mas é aquela coisa, né? Futebol é uma caixinha de surpresas, como diria o poeta. Ainda assim a medalhada dourada deve ficar no peito dos brasileiros.